Academia de Basquete Bolar no CIEP NAÇÃO RUBRO NEGRA no Rio de Janeiro
PROJECT SHOE ASSIST Projeto de doação de tênis da TTA
Este projeto dentro de escolas públicas sempre esbarra na necessidade de tênis dos alunos. O basquete necessita deste acessório importante.
A iniciativa do Tony Freccero em arrecadar as doações de tênis nos EUA foi um sucesso tão grande que nos causou o grande problema de como recebê-los legalmente.
O Brasil é um país curioso, pois sofremos de muitas necessitadades, mas as doações estrangeiras são quase proibidas por lei.
Não fosse o apoio da Fundação Viva Rio e do Instituto da Criança, não poderíamos ter calçado nossos alunos ao longo de três anos.
Nossos treinos ocorriam três vezes na semana, na parte da tarde, no CIEP Nação Rubro Negra, no Leblon, Rio de Janeiro.
A garotada que iniciou a primeira turma era bem esperta e logo entenderam o espírito do projeto.
Não faltavam e sempre demonstravam ao final dos treinos aquela expressão de quero mais.
Aos poucos, aprenderam a dominar as técnicas fundamentais do basquetebol, além de melhorar dentro das salas de aula e em suas famílias.
A pena é que os mais talentosos, muitas vezes, não se dedicam aos treinos tanto quanto os demais e acabam desistindo.
Foram vários casos de potenciais atletas que só se interessavam em participar de poucos treinos para sairem com tênis de basquete doados pelo projeto.
Aos poucos, a desinibição vai tomando espaço e as personalidades ficando mais e mais expostas.
Esta é a grande oportunidade do professor para estimular o desenvolvimento de valores individuais e coletivos no dia a dia.
As perguntas são a grande arma do professor, muito ao contrário do que pensam aqueles que são as respostas.
Forçar a descoberta pelo próprio aluno é muito mais rico do que dar-lhe pronta uma receita a ser esquecida.
A interação de jovens atletas e crianças ajuda muito no desenvolvimento de ambos, já que aprendem muito mais com seus pares do que com professores,
os quais ainda fazem parte de "outro mundo" que não o delas.
Raramente encontramos uma escola pública com as condições físicas do Ciep Nação. Lá temos uma quadra nivelada dentro de um ginásio coberto,
além de tabelas de vidro com aros retráteis. Tudo isso, graças ao grupo de veteranos do Combinado Copacabana,
responsável pela doação destes equipamentos ao local onde treinam duas vezes na semana.
Um grupo de alunos vai se tornando uma equipe e pronta para dar os primeiros passos em partidas amistosas. Isto envolve transporte, lanches,
conhecimento de lugares diferentes e, principalmente, muitas risadas.
Os ex-atletas que aparecem nesta foto seguem hoje seu caminho, lutando e vencendo cada dia.
O Daniel "Patrão" conseguiu superar todas as suas dificuldades até se formar no ensino médio.
Já cursou escola técnica de logística e pensa em fazer o curso superior.
Só ele mesmo sabe a pedreira que teve que superar para chegar onde chegou.
O Dani, seu chará, formado pela Escola de Física da UFRJ é atualmente um dos melhores professores de física para quem pensa em passar no vestibular.
O Thiago gerencia uma das lojas da pizzaria Parmê com grande maestria.
Hiogame é o cara do sorriso fácil e sua simpatia vem conquistando as passarelas da moda no Rio.
Rodrigo conquistou seu registro na OAB um ano antes de se formar.
A experiência do Tony Freccero ao participar do projeto Bolar desde 2002 foi intensa, gerando muitos desdobramentos em sua vida.
Isto o levou a criar uma academia de basquete na Califórnia em 2004, a
Triple Threat Academy.
Em 2005, levou para lá também a idéia das pranchetas personalizadas e fundou a empresa
GBoard,
que já produz pranchetas táticas esportivas para diversos paises.
O sucesso deste último empreendimento poderá ajudar a manter a academia Bolar em operação.
Este é um exemplo no qual todos ganharam por se doarem.
Tony também foi treinador assistente do Basquete sem Fronteiras da NBA,
juntamente com aquele que iria se tornar meu chefe no Detroit Pistons, o scout internacional Tony Ronzone.
Pequenas coisas podem significar muito para outras pessoas.
O "profeta" Gentileza, que viveu e marcou a vida do Rio de Janeiro até seus quase 80 anos ao longo do século XX,
sabia disso e estimulava a prática daquilo que viria a se tornar seu próprio nome.
Se cada pessoa que doou um tênis nos EUA tivesse acesso a estas expressões de felicidade, certamente ficariam impressinadas.
Para muita gente de lá é comum ter entre dez e vinte pares de tênis. Além disso, os tênis não são tão caros por lá.
Rodrigo está hoje terminando com muito esforço sua graduação em direito, tornando-se o primeiro de sua família a conquistar um diploma de ensino superior.
A família Bolar sente orgulho deste ex-atleta e amigo.
Triple Threat é um fundamento do basquete importantíssimo, mais conhecido por aqui, ou nem tanto quanto deveria, como Tripla Ameaça.
Consiste em se receber a bola em condições de se tomar três iniciativas diferentes, ou seja, três ameaças para a defesa adversária,
que não sabe a priori qual delas sofrerá. O atleta em posição de tripla ameaça pode optar por PASSAR A BOLA, ARREMESSAR OU DRIBLAR PARA A CESTA.
Isto torna a defesa muito mais arriscada, deixando o controle da situação para o jogador que tem a posse de bola.
Realmente, um ótimo nome para uma Academia de basquete e o Tony está de parabéns por esta escolha.
O torneio pré-mirim de 2006 foi uma experiência maravilhosa para aquela garotada da Rocinha, comunidade de São Conrado no Rio, onde viviam.
Tiveram oportunidade de conhecer muita gente e também de serem conhecidos. Muitos treinadores vieram perguntar onde jogavam.
Ali já se começava a delinear o futuro de alguns atletas que conseguiram se federar para o campeonato carioca de base ao longo de alguns anos.
Quando aquela equipe entrou em quadra, com média de idade uns dois anos inferior aos adversários, todos diziam que seria uma covardia.
A garotada lutou e quase venceu o jogo. Foi um espetáculo tão bonito que, mesmo derrotados por um placar apertado,
foram aplaudidos por todos aqueles que estavam no ginásio na Tijuca.
Com direito ao lanche pós jogo, um saudável "joelho" com refrigerante na padaria no Leblon.
Lembro-me com risadas, quando fomos convidados para uma partida amistosa num clube distante.
Paramos para almoçar antes do jogo e não falei nada. A garotada comeu churrasco misto com arroz e farofa e eu deixei.
Ao longo do jogo, aquela comida foi pesando tanto que passou a ser para alguns seu maior e mais difícil adversário.
Foi uma lição para a vida deles e muito divertida.
A Mayara foi a única menina a participar da academia Bolar ao longo destes anos.
Sua dedicação e compleição física foram-na transformando nesta atleta que defende a camisa das seleções brasileiras de base.
O projeto da Mangueira viabiliza uma transformação positiva muito significativa para meninas como a nossa Mayara.
Projetos como o da Mangueira e o VemSer, na Gávea, adotaram o basquete feminino e executam um serviço inestimável às meninas jovens da sociedade carioca.
Sua mãe, cozinheira de mão cheia, era a responsável pelo refeitório do Ciep e tinha a responsabilidade de alimentar quase mil crianças ao dia.
O Clube Central ofereceu a oportunidade e os atletas da Bolar aproveitaram ao máximo e com brilho.
O resultado não poderia ser melhor. Sairam de lá com uma medalha no peito cada um.
Foi uma conquista a ensinar o caminho de tantas outras necessárias em suas vidas de tantos e tamanhos desafios.
O trabalho como Scout para a América Latina só foi possível graças ao aprendizado que tive com estes garotos.
Sempre aprendi muito mais com eles do que eles comigo e fui recompensado de maneira inigualável.
A experiência de trabalhar para uma das equipes mais importantes da NBA me enchem de orgulho
e tudo isso só foi possível devido à experiência de ensino de tantos detalhes que constroem este jogo inesgotável que é o basquete.
História de sucesso (2005 a 2007)
. CIEP Nação Rubro Negra - Rio de Janeiro
Omari se arriscou na alfândega brasileira ao trazer em sua bagagem dezenas de pares de tênis para os nossos pequenos atletas.
Os tênis foram um sucesso e não poderia ser diferente.
Omari se identificou com o projeto Bolar e sempre que vinha de férias ao Rio, não deixava de nos visitar.
Simon foi um dos atletas no qual a Bolar gostaria de ter investido mais se pudesse. Um grande potencial e ótima pessoa.
Seus primeiros pares de tênis, tamanho 50, ele ganhou na Bolar. Pessoa muito perspicaz, aprendia muito rápido.
Em poucos treinos, já havia se tornado um dos melhores batedores de lance livre.
Iniciou seus treinos no juvenil do Flamengo.
Contudo, não fomos capazes na época de ajudá-lo em suas necessidades para dar continuidade ao sonho de se tornar um profissional do basquete.
Morava em Seropédica e não se importava de ir e vir de trem durante horas para seus treinos diários.