OS 7 MANDAMENTOS DO ATAQUE EFICAZ NO BASQUETE - TEX WINTER
1. Deve penetrar a defesa – Análise do problema, dividindo-o em partes e explicitando suas variáveis.
2. As habilidades devem ser treinadas no ritmo de contra-ataque de uma tabela à outra.
Aperfeiçoar sempre o método de solução de problemas, utilizando-se para isso situações mais próximas do real possíveis.
3. Mantém distância de 4,5m entre os atacantes, abrindo espaços na quadra –
Reconhecer as forças e fraquezas da equipe e se preparar para agir coletivamente frente às oportunidades.
4. Define movimentos de jogador e da bola com uma finalidade –
Análise de sensibilidade de cada variável do problema, maximizando assim os resultados da ação.
5. Cria fortes posições de rebote e bom balanço defensivo para todos os arremessos – Antecipação dos problemas e das ameaças.
6. Dá ao jogador com a bola a oportunidade de passar para quaisquer companheiros –
O espírito de equipe deve prevalecer sempre e as reações aos problemas devem ser comuns a todos e rápidas.
7. Utiliza as habilidades individuais dos jogadores em cada cenário de jogo –
Conhecendo-se cada variável do problema e as forças que temos em mãos, utilizar a mais adequada na medida certa.
Segue uma descrição mais minuciosa dos 7 Mandamentos do Ataque Eficaz:
1. Deve penetrar a defesa
A técnica da formação triangular para dividir e vencer os inimigos numa batalha remonta os tempos de Alexandre Magno.
A cunha (objeto triangular de madeira) é a ferramenta fundamental para movimentarmos as mais pesadas rochas.
No basquetebol três dos cinco jogadores fazem o papel dos vértices deste triângulo em uma das laterais da quadra de ataque.
À lateral onde está a bola chamamos de lado forte enquanto à outra chamamos de lado fraco ou da ajuda.
Assim sendo, de um lado da defesa atacamos com formação triangular,
enquanto mantemos um atleta atacando pela frente da cesta e outro pelo flanco ou lado fraco.
Esta formação em triângulo lateral principia inúmeras possibilidades de movimentação, com e sem bola.
Aquele que fica mais próximo da cesta e de costas para ela é chamado de pivô. A dinâmica desta filosofia de ataque obriga a uma continuidade,
somente possível se tivermos três atletas capazes de atuar nesta posição. Daí o nome Triple Post Offense (Ataque de três pivôs).
No nosso site
pode-se visualizar o desenvolvimento deste sistema de engrenagens nas suas múltiplas opções.
Jogar como pivô é completamente diferente do que jogar como ala ou armador.
Este deve procurar permanecer na LINHA DE GUERRA ou na linha imaginária que liga a bola à cesta, exceto na situação em que o ala deseja jogar 1x1.
Isto facilita a recepção do passe e divide a defesa em duas metades, enfraquecendo-a significativamente.
O atleta desta posição deve desenvolver todo um arsenal próprio de jogadas individuais que o possibilitarão converter cestas e pegar rebotes.
A este jogador cabe também a tarefa de fazer bloqueios no adversário que marca um companheiro seu,
criando o chamado 'mismatch', onde um jogador mais baixo passa a marcá-lo, gerando a possibilidade de recebimento de passe e cesta fácil.
O arsenal de jogadas de um ala é completamente diferente, por estar quase sempre de frente para a cesta.
O drible é fundamental para este jogador. Aqui se encontra o segredo do sucesso desta filosofia de ataque,
pois sempre teremos que ter no time três jogadores capazes de jogar muito bem tanto como ala quanto como pivô.
O triângulo lateral pode ser criado de cinco formas distintas, dependendo de quem vai ocupar a posição do vértice da ZONA MORTA.
Só aí já temos uma dificuldade tremenda para a defesa.
Ao ser criado o triângulo, abrimos a possibilidade de utilização de uma técnica ofensiva mortal, chamada PASSA E CRUZA,
onde o jogador que passa a bola para o pivô cruza primeiro pela frente do pivô em direção à cesta, enquanto o outro ala vem em seguida.
O que está na ala corta para a cesta por baixo e o que está na zona morta cruza para a cesta por cima, mais próximo à linha do lance livre.
Quando o pivô gira por baixo da cesta na direção do lado fraco, um dos alas aparece no FLASH na linha do lance livre.
O ala com a bola tem a opção de dar um passe PONTE AÉREA para o pivô que gira por baixo ou passar para o outro pivô que aparece no lance livre.
Caso haja um passe para o ala/pivô que entra no lance livre em FLASH, este poderá arremessar livre ou passar para o outro pivô que gira próximo à cesta,
configurando o HIGH LOW (passe do pivô de cima para o pivô de baixo). Caso não haja um passe,
o giro se completa com o jogador que entrou no FLASH caindo na posição de pivô, dando continuidade ao triângulo de ataque.
Os jogadores dos vértices externos do triângulo, excluindo o pivô, podem fazer um EXCHANGE DRIBBLE
(troca de posição com drible, onde há ou não um passe seguido de corte para a cesta ou arremesso sem marcação) ou um BACK DOOR
(corte na direção da cesta feito pelo jogador sem bola quando sobremarcado, possibilitando o passe pelas costas ou porta dos fundos do defensor).
O ala com a bola pode também passar para o companheiro aberto no triângulo, na zona morta (onde só se vê a lateral da tabela) e penetrar a defesa,
na direção da cesta, podendo receber um passe de volta, configurando um GIVE AND GO (passa e entra). Se ele não recebe passe, vai para o lado oposto,
recebendo bloqueio do ala/pivô para abrir em posição de arremesso e, ao mesmo tempo, formando novo triângulo lateral no lado fraco.
O pivô do lado forte abre na ala para receber o passe da zona morta,
a fim de girar a bola o mais rápido possível e alcançar o ala do lado fraco ainda livre para o arremesso.
O pivô pode também não abrir, recebendo o passe do companheiro na ZONA MORTA, que faz um CURL ou finta do PASSA E ENTRA ou GIVE AND GO,
abrindo para receber livre para o arremesso na zona morta.
Muito importante salientar a importância do BALANÇO DEFENSIVO, onde sempre devemos ter dois jogadores prontos para defender um possível CONTRA-ATAQUE.
A marcação de um jogador sem a bola é mais complexa do que parece, pois se impedimos o recebimento do passe (DENNY) ou negamos a bola ao adversário,
corremos o risco de um BACK DOOR. Ao criarmos uma distância do atacante para evitarmos o BACK DOOR,
facilitamos o recebimento do passe pelo mesmo e um possível arremesso sem CONTESTAÇÃO.
O atacante deve ter conhecimento deste trunfo para utilizá-lo com astúcia.
Uma curiosidade do ataque em triângulo lateral é a opção de não criá-lo no LADO FORTE ou lado da bola, mas sim, no lado fraco,
deixando o ala com a posse de bola livre para jogar o 1x1.
Caso o pivô do lado forte permaneça e não gire por baixo da cesta para formar o triângulo lateral no LADO FRACO, ele poderá fazer um bloqueio para o ala,
gerando a mais forte arma ofensiva, chamada PICK AND ROLL.
Esta arma, constituída de movimentação, drible e passe, consiste em um bloqueio do pivô ao adversário que marca o ala.
O ala, por sua vez, passa pelo pivô, fazendo com este um CORTA LUZ, impedindo o defensor de sair do bloqueio.
O marcador do pivô se vê obrigado a deixar livre o mesmo para marcar o ala que penetra para a cesta com a bola.
Como o pivô fica em vantagem em relação à cesta e em relação à altura do seu marcador,
poderá receber um passe em situação extremamente favorável para a cesta.
Estes conceitos aplicados transformam o jogo num espetáculo dinâmico e apaixonante, tanto para quem assiste quanto para quem o joga.
Obviamente que o jogo possui regras e o objetivo do ataque não é destruir o adversário como numa guerra.
Aí entra obrigatoriamente a construção da inteligência humana que deve suprir de soluções todos os obstáculos impostos pela defesa adversária.
Centenas de decisões são tomadas pelos jogadores em cada ciclo de ataque até a última decisão de finalização ou arremesso à cesta.
Jogadas como o BACKDOOR e o PICK AND ROLL tornam a plasticidade do basquete extremamente apaixonante tanto para quem joga quanto para quem assiste.
a. Cria bom % de Arremessos. Define o carro chefe para cada jogador.
O atleta que não arremessa não penetra a defesa adversária.
A capacidade de converter cestas de média e longa distâncias dá ao atacante a capacidade de desequilibrar e ultrapassar o defensor.
Apesar da derrota não significar a morte ou algo irrecuperável,
o atleta treina horas por dia uma determinada sequência de movimentos que o tornam indefensável.
O carro chefe de cada jogador deve ser uma arma letal para todos os adversários,
sofrendo a mesma os ajustes necessários ao longo do tempo, tendendo sempre à perfeição.
O objetivo máximo das jogadas individuais deve ser a vitória da equipe, sua com dos demais jogadores.
As jogadas individuais devem ser treinadas à exaustão, já que o basquete, apesar de ser um esporte coletivo,
permite e exige que os atletas treinem muito tempo sozinhos.
No jogo, há momentos em que o atacante fica sozinho com a bola no lado forte e deve saber o que fazer com ela no 1x1.
b. Explora o jogo dentro do garrafão. Joga para os 3 pontos.
Equipes que concentram seus pontos em arremessos curtos, próximos à cesta,
assim como aquelas que só pontuam nos arremessos de 3 pontos não conquistam campeonatos.
Podem vencer alguns jogos desta forma, mas não se sustentam no todo.
O equilíbrio entre jogo dentro e fora do garrafão ou área pintada é fundamental para o sucesso num campeonato.
Além do que, o arremesso de 3 pontos mais eficiente é aquele resultante de um passe de dentro do garrafão para fora.
Há equipes que anulam os pivôs muito bem na defesa, obrigando o ataque aos arremessos de 3 pontos. Há também o inverso.
Contudo, é impossível à defesa ser agressiva contra o jogo interno e externo ao mesmo tempo.
Daí a importância de uma equipe versátil e eficiente no jogo tanto dentro quanto fora.
O jogo interno gera faltas do adversário e leva o ataque ao lance livre.
Podemos dizer que o equilíbrio entre lances livres e cestas de 3 pontos é que deve ser perseguido.
c. Supera todas as defesas desde pressão quadra-toda até dois em um.
Os movimentos mais agressivos da defesa devem ser previstos ou antecipados, a fim de que a ação esteja sempre nas mãos do ataque.
O ataque que reage à agressividade defensiva já perdeu o jogo, pois toda reação tem um retardo em relação à ação.
No basquete, este retardo é suficiente para um atleta percorrer mais de 5 metros de distância.
2. As habilidades devem ser treinadas no ritmo de contra-ataque de uma tabela à outra.
A transição começa na defesa. O ensaio de uma peça teatral exige uma dedicação extrema dos atores, diretores e assistentes.
No basquete não é diferente, porém, a imprevisibilidade da equipe adversária faz de cada jogo um desafio à técnica e à inteligência individual e coletiva.
O timing é essencial para o sucesso, pois 1 segundo separam o acerto do erro.
Para um adequado ritmo de jogo, deveremos treinar num ritmo correspondente.
De nada adianta o treino perfeito e lento. O basquete é um esporte de explosão muscular, variação de velocidade, de direção, de sentido.
O homem foi criado para correr, saltar e pular, exatamente o que faz ao jogar basquete.
3. Mantém distância de 4,5m entre os atacantes, abrindo espaços na quadra.
As crianças correm atrás da bola, formando um amontoado de gente, seja no futebol ou nos demais esportes coletivos.
O esporte maduro não deve ser assim. Os atletas sem a posse de bola devem manter-se numa linha possível de passe,
ao mesmo tempo que permitem aos demais a mesma coisa. Apresentar-se para receber a bola é um ato de coragem no adulto e egoísta na criança iniciante.
Há muitos adultos egocêntricos e infantis, facilmente identificáveis nas atitudes de crítica aos companheiros ou excessiva necessidade de posse de bola.
Dar espaço para o companheiro jogar faz parte do jogo, além de facilitar a infiltração na defesa adversária.
4. Define movimentos de jogador e da bola com uma finalidade.
Driblar com um objetivo definido ou movimentar-se harmoniosamente em equipe fazem o jogo fluir para a melhor seleção de arremesso.
Os movimentos de PASSA E CRUZA, PASSA E ENTRA, FLASH, TROCA DE DRIBLE, CURL, HIGH LOW, PONTE AÉREA, BLOQUEIO DUPLO, BLOQUEIO TRIPLO, PICK AND ROLL, BACK DOOR,
demonstram bem o potencial a ser explorado do jogo de basquete. Saber utilizar estas ferramentas faz de qualquer equipe uma vencedora.
5. Cria fortes posições de rebote e bom balanço defensivo para todos os arremessos.
A seleção do arremesso deve gerar naquele que arremessa a certeza de que vai acertar enquanto que nos demais a certeza de que a bola não vai entrar.
Desta forma, um bom ataque se resguarda de um contra-ataque, ao mesmo tempo em que busca tenazmente o rebote ofensivo, a fim de conquistar uma segunda chance.
Erradamente, pontuam o rebote de ataque da mesma forma que o de defesa, no indicador de eficiência do jogador,
porém, ao meu ver, o rebote de ataque vale duas vezes mais do que o de defesa. Há uma diferença entre ambos crucial,
sendo o de ataque um fundamento individual e o de defesa coletivo. Atacar sem se desguarnecer,
além de aproveitar oportunidades de atacar novamente e seguidamente.
6. Dá ao jogador com a bola a oportunidade de passar para quaisquer companheiros.
O ataque deve ter a capacidade de reagir a qualquer ação iniciada pela defesa.
A ação defensiva deve ser desejada pelo ataque, assim como a da caça que corre para a armadilha (TRAP, 2X1 OU 3X1) do caçador.
O passe é o que aglutina e dá liga a uma equipe. É muito comum vermos atletas sem a bola parados na quadra ofensiva,
sem que busquem ou se apresentem como opção de um bom passe. Distanciamento entre jogadores é básico e obrigatório,
mas manter a linha de passe livre é que dá dinâmica ao jogo de equipe. O BACKDOOR é um exemplo rico desta situação,
onde o defensor é atraído ao roubo de bola num passe pela sua frente, enquanto recebe um passe pelas costas, sendo vencido pelo atacante adversário.
7. Utiliza as habilidades individuais dos jogadores em cada cenário de jogo.
Infelizmente, no Brasil se adota uma escola padrão, onde o jogador não raciocina, apenas cumpre uma obrigação de jogadas ensaiadas de adestramento.
Boa parte dos treinadores profissionais simplesmente castram qualquer possibilidade de criatividade e subutilizam
ou nem permitem a aplicação dos fundamentos ofensivos de equipe aqui citados. O resultado é um jogo chato de se ver e jogar,
já que o ser humano em quadra está tolhido de seus valores.
Não se pode negar as habilidades de um Michael Jordan ou de um Kobe Bryant, os quais jogam tanto de frente quanto de costas para a cesta de forma primorosa.
A questão é que todos estes recursos acima treinados e aplicados intensamente,
já que ambos foram treinados pelos princípios do ATAQUE DOS 3 PIVÔS ou TRIÂNGULO LATERAL de TEX WINTER,
os fizeram brilhar com luz própria na sua magnitude máxima. Eles sabiam muito bem arremessar, passar ou driblar na hora certa
e sempre estavam aptos a fazer as três coisas combinadas ou não ao receberem a bola na quadra ofensiva.