O ser humano é a criatura mais frágil ao nascer. Depende dos mais velhos para se alimentar, aprender a andar, a pensar e a se comunicar.
Ele nasce com um potencial inesgotável, contudo, sem adequado auxílio, não o realiza.
Educação é exatamente o processo de transformação destes potenciais das crianças e dos jovens em valores assumidos e praticados por eles.
A educação é um processo que deve ocorrer na direção do interior para o exterior, sem imposição,
respeitando-se e objetivando-se a liberdade da mente do ser humano.
O ser humano educado deve ser capaz de discernir, criar, compreender a si mesmo e aos outros, viver e conviver harmoniosamente.
O compromisso e o tempo de dedicação aos filhos é cada vez mais limitado. A tarefa de educar vem sendo delegada, de forma extrema, às escolas, pelos responsáveis.
A professora recebe uma tarefa crescentemente mais complexa, ao passo que seu trabalho vem sendo depreciado pela própria sociedade
que lhe outorga este crucial desafio. Muitos métodos de ensino ditos modernos pretendem substituir a figura do mestre.
Ao contrário, sua importância só tem aumentado.
A invenção da imprensa por Gutenberg em 1450 gerou na época a idéia de que a educação sobreviveria sem o mestre, o que demonstrou ser exatamente o inverso.
A atual revolução da internet parece para muitos desavisados ser a solução para a educação.
O mestre será sempre a peça chave e imprescindível para o garimpo das riquezas existentes no interior de cada aluno.
É neste pilar que devemos nos apoiar para desenvolvermos uma sociedade sadia. A educação ineficaz torna a mente humana vulnerável,
incapaz de decidir e agir de maneira positiva perante si mesma e ao seu meio. Suas potencialidades ao nascer não são adequadamente estimuladas.
Cresce fisicamente, porém, mantém seu estado débil, tornando-se fonte de confusões internas e sociais.
Nenhum animal, inclusive o homem, é violento, salvo se, profundamente, frustrado em seus objetivos.
Conscientes deste vácuo na obrigação e respeito às crianças e jovens para que tenham sucesso como seres humanos plenos,
alguns mestres têm dedicado suas vidas à tarefa de educar em condições de risco e de pobreza. Não é sem razão que podemos afirmar que "Educação é Amor".
Os mais velhos devem respeito aos mais moços, principalmente no que diz respeito ao direito destes de tornarem-se realmente gente.
Eis a tarefa mais árdua e urgente de nossos tempos.
O ser humano foi feito para correr, saltar e arremessar, ou seja, exatamente aquilo que faz no basquetebol.
Não há limites ao desenvolvimento do corpo e da mente neste esporte. A quadra esportiva é o "mundo" em que vivemos, nos expressamos, nos relacionamos,
decidimos e lutamos. Nossas tristezas e alegrias, forças e fraquezas são ali experimentadas, fazendo do dia a dia, nos treinos e nos jogos,
momentos inesquecíveis. Este espaço deve ser tratado com muito zelo, pois é a oficina na qual construímos boa parte de nossa personalidade e inteligência.
A bola assemelha-se ao amor. A capacidade de jogar sem a bola deve ser encarada como altruísmo, aquele desprendimento sadio em respeito aos outros e ao grupo.
Em contrapartida, o excesso da necessidade da posse de bola pode caracterizar o egoísmo, o qual torna o mundo tão pequeno, centrado em nós mesmos.
O principal adversário num jogo, assim como em nossas vidas, somos nós mesmos.
As vitórias são construídas a cada ponto. Independente dos resultados das partidas ou campeonatos, somos sempre vencedores quando lutamos.
A prática esportiva tem o poder de transformar os atletas mais dedicados em grandes pessoas.
Estes são os que descobriram e lutaram sempre contra o real adversário que estava dentro deles mesmos.
A dedicação contínua, estafante e muitas vezes solitária, produz os valores que norteiam nossas vidas.
Nos diversos tipos e ritmos de dribles somos capazes de aperfeiçoar o auto-conhecimento e a auto-estima.
A rapidez e a agilidade destes movimentos dependem da capacidade de anteciparmos os obstáculos à frente, além da clara determinação de onde queremos chegar.
Esta capacidade só é possível através de uma leitura sóbria e clara do passado e da sua retenção na memória. O drible sem um objetivo pré-definido é uma vaidade.
A busca da perfeição consiste em saber compartilhar ou assumir a responsabilidade isolada, quando necessário, no momento correto.
Os passes existem naturalmente pela necessidade humana de ser social. A troca deve ser equilibrada, fazendo de todos participantes ativos da equipe.
Os diversos tipos de passes, assim como a qualidade e a quantidade em que são efetuados, refletem a capacidade de doação de cada um.
Já a recepção do passe deve ser suave e firme, com o propósito de acolher a iniciativa do outro, dando continuidade ao espetáculo.
A assistência é o ponto culminante do passe, onde o prazer de ser útil atinge a sua máxima intensidade no sucesso do outro.
Os arremessos simbolizam o final de uma etapa. Podem ser considerados como a última decisão individual de um conjunto de decisões coletivas já tomadas.
Não devemos temer o erro, já que este é inerente ao ser humano. Permanecer na dúvida e não agir é a pior das decisões.
O sucesso nos arremessos depende da postura, do equilíbrio e da concentração. Muitas barreiras foram superadas até ali.
A qualidade das decisões deve ser crescente frente às dificuldades subsequentes.
Os arremessos efetuados no momento certo são uma contribuição ativa do indivíduo ao grupo.
Mesmo que este erre, haverá uma reação de apoio conjunta dos demais na briga pelo rebote de ataque, assim como na transição para a defesa.
O perdão corresponde ao mais alto nível de desenvolvimento mental, por corresponder à compreensão absoluta do "erro" do outro.
Os rebotes de defesa e de ataque são a prova de que para cada erro há uma oportunidade de crescimento e vitória.
Para o domínio da bola no rebote, é preciso posicionamento adequado.
A capacidade de prever o curso da bola após o toque no aro é um diferencial fundamental de muitos jogadores.
Entretanto, para estarmos aptos às melhores oportunidades, precisamos acreditar sempre no rebote.
Estas oportunidades ocorrem de maneira aleatória, quando devemos saltar com agilidade para dominá-las com suavidade e força.
Assim, fazemos de cada erro nosso ou de outros um reinício de caminhada mais madura e consciente.
A capacidade de enganar os outros, por meio de fintas, torna-se uma arma poderosa dos craques.
Para sermos bem sucedidos, será necessária a "leitura" do adversário de forma rápida e profunda.
Contudo, na ânsia de enganar os outros, não podemos perder nossa própria identidade.
Os movimentos rápidos, com e sem a bola, são nossas armas contra situações adversas em quadra.
Devemos agir primeiro e não apenas reagir, para superar nossos adversários.
Estando na defesa ou no ataque, cuide do seu destino, antes que alguém o faça.
O conjunto destes diversos fatores não poderia deixar de resultar no enriquecimento pessoal.
Verdadeiras transformações têm sido comprovadas naqueles que praticam com zelo o basquetebol.
A equipe é uma escola que nos faz compreender melhor o mistério da vida, a viver e a conviver.
Quem experimenta a verdadeira liberdade não aceita mais ser escravo de vícios.
O esporte, através das virtudes treinadas e colocadas à prova, é um rico caminho de evolução e reabilitação para muitos.
Educação e Esporte, duas palavras que interagem e convergem, criando um horizonte para aqueles que as experimentam na prática diária.
O trabalho tem por objetivo alcançar o êxito (resultado), da maneira (técnica) mais breve, menos dispendiosa e mais rentável possível.
O jogo, embora tendo um objetivo a alcançar, parece desenvolver-se com propósitos totalmente diferentes: descobrir novas estratégias, obedecendo determinadas regras.
Só os estímulos que correspondem às nossas necessidades e capacidades nos atingem.
A mente humana não consegue reter e elimina toda informação ou idéia que não cria vínculos com outras pré-existentes.
A técnica de educar a criança é criar situações em que o organismo seja "forçado" a adaptar-se, já que tende ao equilíbrio físico e social.
Por quê muitos indivíduos não gostam de jogar? Porque o jogo exige permanente readaptação diante de situações sempre novas.
A competição foi o mecanismo inventado pelo homem para fazer o jogo permanecer como jogo.
Se a competição se faz sem regras, o confronto deixa de ser um jogo para ser "agressão", ou tentativa de destruição do competidor.
Qual o papel do competidor? Precisamente, evitar que a ação do adversário resvale para uma técnica, isto é, para comportamento previsível,
estereotipado, padronizado, automático.
Deste modo, a atividade permanece essencialmente criativa. A caça pela sobrevivência já foi uma atividade extremamente lúdica nos seus primórdios,
demonstrando também que o jogo e suas estratégias fazem parte da própria natureza humana.
Explorar as possibilidades estratégicas de uma estrutura de comportamento é precisamente, desenvolver a inteligência. O jogo é portanto,
o grande instrumento de desenvolvimento da inteligência, donde se conclui que o trabalho (técnica) é, precisamente, o contrário.
Na medida em que o trabalho, dentro de uma empresa, sobe de escalão, aumenta seu conteúdo lúdico.
As reuniões para tomada de decisão, exigindo a exploração de alternativas, têm mais de lúdico do que de prático, no momento em que ocorrem.
Na juventude, só há uma força que os adolescentes respeitam: seu grupo. Os adolescentes delinquentes não vivem em grupo, mas em bandos dominados por um caudilho.
Infelizmente, o homem pode fixar reflexos condicionados. O homem pode virar máquina. Para ensinar a trabalhar basta fixar reflexos,
enquanto ensinar a pensar é um desafio. Conservar a flexibilidade mental é, precisamente, a condição de fazer combinações, isto é, de ser inteligente.
Ser inteligente dá muito trabalho. Os animais, quase sempre, têm um instinto para cada necessidade específica do organismo.
O homem não foi feito assim; diante de cada necessidade, tem que inventar a solução, se já não possui um hábito.
O indivíduo que tem medo da inteligência, o que desejaria ser de fato, era um animal qualquer.
Ao que parece, quando a busca do êxito transforma-se em busca da verdade, da beleza e do bem, aumenta a ludicidade e diminui a tecnicidade,
por onde se pode ver que brincar é a verdadeira finalidade da vida do homem. Há, pois, duas maneiras de educar:
1. Educar pela técnica (transmitir automatismos, hábitos motores, verbais e mentais) e
2. Educar pela inteligência (provocar permanente busca de novas soluções, estimular as diversões estratégicas,
criar situações que exijam a exploração ao máximo das possibilidades procedurais da estrutura de comportamento).
Como se vê, educar pela inteligência é educar pelo jogo. Obviamente, o jogo por si mesmo não é suficiente sem a figura do professor consciente.
É muito comum encontrarmos atletas de altíssimo nível técnico motor fracassarem em suas equipes e até em suas vidas,
pois desenvolvem estratégias rudimentares ou simplesmente não têm capacidade de criá-las.
A educação pela inteligência propõe que o próprio educando construa suas estratégias motoras, verbais e mentais.
"Um dia, provavelmente, o conceito de educação estará estritamente ligado ao de jogo" (Jean Piaget).