O ótimo atleta das categorias de base no Brasil não tem acesso às equipes profissionais.
Os baixinhos são rejeitados por causa da estatura enquanto os altos por falta de fundamentos ofensivos e versatilidade.
Não há trabalho de explosão e pliometria adequados às diferentes idades, o que dificulta, por parte destes atletas,
o desenvolvimento de fundamentos ofensivos individuais competitivos e indefensáveis.
A ênfase na conquista do campeonato de base é uma tônica, deixando-se em segundo plano o futuro promissor ou não de cada atleta.
O treinador é cobrado pelo título e, consequentemente, organiza sua equipe nos moldes de uma profissional.
Os atletas acolhem e concordam com a estratégia,
pois a equipe estará em primeiro plano e o título de cada campeonato anual torna-se também seu objetivo maior.
Assim sendo, a especialização do jovem atleta é inevitável, criando-se armadores,
alas e pivôs que nunca sobreviverão como atletas de basquete na fase adulta profissional.
Temos aí dois problemas que tornam gravemente enferma a situação do basquete nacional.
O jogador que tem futuro, fisicamente falando, não aprende nem pratica os fundamentos ofensivos básicos,
enquanto o que tem maior habilidade com a bola, não tem aptidão física para um futuro profissional neste esporte.
O basquete brasileiro está se reestruturando de cima para baixo, contando com apoio de mídia e de patrocinadores importantes.
Vemos os armadores estrangeiros contratados pelas equipes profissionais do NBB a dois ou três degraus acima de seus pares nacionais,
os quais viraram armadores tardiamente, sem terem tido suficiente oportunidade na base de exercerem esta função.
Os pivôs das categorias de base param de jogar na maioridade, pois somente então enxergam a "montanha" que têm que escalar para ter acesso a uma equipe adulta.
Os pivôs profissionais brasileiros começaram a praticar tardiamente, salvo raras exceções,
pinçados em uma ou outra peneira de treinadores competentes e abnegados que os ajudaram no início de carreira.
Buscar o título nas categorias de base deve ser a consequência natural de um trabalho de muito respeito aos atletas em formação.
Se o título não vier, saibamos conviver com esta realidade, já que isto é apenas para uma equipe cada ano.
O foco deve ser o treinamento exaustivo de fundamentos defensivos e ofensivos, tanto individuais como coletivos.
Enquanto as táticas coletivas nas categorias de base estiverem acima do treinamento dos fundamentos individuais,
não alimentaremos nossa categoria profissional com atletas de alto nível, muito menos internacional.
Cabe aos treinadores esta atitude, tanto frente aos respectivos dirigentes quanto aos seus atletas,
mostrando a ambos os benefícios desta filosofia de trabalho.
Ser treinador de categorias de base é trabalhar visando sempre o melhor futuro possível de cada atleta, seja ele dentro ou fora das quadras.