FUNDAMENTOS OFENSIVOS DO BASQUETE

Listarei neste texto alguns fundamentos coletivos e individuais de ataque a serem avaliados na nossa seleção do Pan de Toronto, no Canadá. Ao longo do torneio, o Brasil foi passando pelos adversários de forma convincente. Parabéns a toda a equipe e em especial ao treinador Ruben Magnano e à dupla: Vitor Benite e Augusto Lima. A medalha de ouro valoriza o nosso basquete, que paralelamente cresce em Quantidade de atletas participando de equipes da NBA. Como torcedor, fiquei bastante satisfeito com o que vi, apesar de, como técnico, ter sentido falta de algo mais.

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Fig.1 - Augusto Lima no Pan 2015

Iniciando nossa análise com um fundamento individual ofensivo, é coisa rara encontrarmos no basquete nacional ou internacional um atleta capaz de apresentar um bom aproveitamento nos arremessos "off the dribble", ou seja, arremessos precedidos de dribles desconcertantes frente a algum adversário. Os bons arremessadores conseguem ser eficientes contra uma defesa frouxa, sem muita pressão e o fazem geralmente após a recepção de um passe. Já os arremessadores extraordinários conseguem fugir da marcação e ainda finalizar com precisão.

Vitor Benite blog bolar
Fig.2 - Vitor Benite no Pan 2015

Nosso ala armador Benite nos presenteou com algumas bolas deste nível, demonstrando ser um atleta decisivo para qualquer equipe. No nosso NBB encontramos alguns atletas capazes deste fundamento com eficiência, porém, são muito poucos. Falando exclusivamente de dribles desconcertantes, temos dificuldade em listar atletas com bons fundamentos de cross over, fake cross over, pull up dribble, etc. que não são o foco deste artivo, mesmo sem levar em conta a finalização na sequência.

Este ano na NBA, o time campeão tinha em sua estrela esta capacidade de desconcertar para pontuar e sua precisão em ambos os fundamentos o tornam um jogador imarcável.

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Fig.3 - Stephen Curry do Golden State Warriors

Passando para os fundamentos ofensivos coletivos, inicio com o principal: o PICK AND ROLL. Veja o Tony Parker fazendo o CORTA LUZ com o Tim Duncan na imagem abaixo e reflita se não faltou algum detalhe nos nossos bloqueios neste torneio.

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Fig.4 - Corta Luz do Pick and Roll entre Tony Parker e Tim Duncan

O nome CORTA LUZ tem uma razão, pois um jogador deve passar colado no outro, deixando pouco espaço para a luz passar entre os dois. Sendo uma fase do Pick and Roll importantíssima, não pode ser desprezada, custando caro à eficácia deste fundamento se mal executado. Isto facilita o trabalho defensivo, que acaba inviabilizando a continuidade do pick and roll.

Outro fundamento coletivo que não tenho visto é o PASSA E CRUZA ou o PASSA E ENTRA, no qual dois alas penetram a defesa em "X", cruzando em frente ao pivô de ataque. A defesa não sabe quem irá finalizar e as possibilidades são muitas. O PASSA E ENTRA difere do anterior apenas porque os alas não cruzam no pivô, mas sim avançam em direção a ele em retas paralelas. Outra variação destes é o CURL, que é uma finta de penetração do ala, constando de passe para o pivô e um giro deste em torno do pivô para abrir novamente livre de marcação.

Fizemos bastante BLOQUEIO INDIRETO, com a finalidade de liberar principamente o Benite para a recepção do passe e arremesso.

O IN AND OUT propiciou um jogo equilibrado e finalizações mais fáceis, já que arremessar após um passe de dentro do garrafão é a forma mais segura de converter cestas. Tanto penetrações quanto rebotes de ataque geraram este fundamento coletivo. Os rebotes de ataque são um fundamento individual, diferentemente do rebote de defesa que é coletivo. Por isso, este fundamento deve ser computado ao jogador com peso maior do que o mesmo rebote na defesa. Estas segundas chances foram aproveitadas de maneira consciente, no tempo adequado, parte em arremessos próximos à cesta e parte de longa distância, de três ou dois pontos.

Não vi o BACKDOOR ser utilizado, mesmo quando a defesa adversária apertava nossos alas de forma adequada a este fundamento. A defesa agressiva, na linha da bola, propicia a finta seguida de penetração do ala no lado forte, colocando-se livre em direção à cesta e apto a receber um passe picado pelas costas de seu defensor.

O FLASH na cabeça do garrafão seguido de arremesso ou HIGH-LOW entre os pivôs não foi aproveitado, havendo muito pouca troca e entrosamento no jogo interno coletivo. Quando um pivô aparece livre na cabeça do garrafão é meia cesta e não podemos desprezar esta realidade, principalmente com pivôs bons arremessadores deste ponto. Nenhum bloqueio indireto entre os pivôs no garrafão foi identificado no torneio. Liberar o companheiro para a recepção de um passe no garrafão é um fundamento coletivo de alto risco para o adversário

Um fundamento que torna o jogo bastante plástico é o EXCHANGE DRIBBLE, o qual também não é executado no nosso basquete. Consta de uma movimentação conjunta e no sentido inverso de dois alas, sendo um com drible. Ao passarem um pelo outro, há um momento de decisão rápida, a qual produz uma vantagem sobre a defesa, que não faz a menor idéia de quem ficará com a bola e nem para onde irá com ela. É uma arma quase desapercebida utilizada pelos americanos na NBA com muita sabedoria.

Finalmente, a PONTE AÉREA entre armador e pivô foi utilizada com segurança e certamente representou os momentos de clímax dos nossos jogos, criando um desequilíbrio psicológioco nestes momentos das partidas. Sempre temos como melhorar e espero que a filosofia implementada até aqui prossiga evoluindo para novas e mais importantes conquistas do nosso basquete.

Por:

Rogério Werneck de Figueiredo

Jul/2015


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